A Coisa Misteriosa

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Tudo pode ser uma coisa. Ou quase tudo.

Uma crônica, um poema, uma canção ... uma coisa

Se você tem uma "coisa" destas que gostaria de publicá-la aqui neste espaço, mande sua "coisa" para o e-mail da acoisamisteriosa@hotmail.com.

As NM agradecem sua colaboração.

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Conta a história que dom Pedro II casou-se sem conhecer a sua noiva.
 
Tinha visto um quadro com a cara da princesa.  Casamento de interesses políticos lá dos portugueses, fazer o que?  E quando a moça chegou no porto do Rio de Janeiro - consta que ele fez uma cara emocionada.  Pela feiúra da imperial donzela.  Mas casou, era o destino, era a desdita.
 
Tenho um avô que foi pedir mão da moça e o pai dela disse: - Essa tá muito novinha.  Leva aquela.
 
E ele levou aquela que viria a ser a minha avó.  Ah, a outra morreu solteirona.
 
Quando aconteceu o grande boom da imigração japonesa, alguns anos depois, familiares que lá ficaram mandavam noivas para os que cá aportaram.  Tudo no escuro. E de olhinhos fechados, ainda por cima.
 
De uns tempo para cá, o conceito da escolha foi mudando.  Até ir para a cama antes, valia.  Ficava-se antes.
 
Só que agora, finzinho do finzinho do século, surgiu um outro tipo de casamento.  O casamento de letras.  Letras de textos.  O texto - finalmente, digo eu, escritor - virou casamenteiro.  Apaixona-se, hoje em dia, pelo texto.  Via internet.  Via cabo, literalmente.
 
Conheço quatro casos bem próximos.  Gente que desmanchou o casamento de carne e osso por uma aventura no mundo das letras.
 
Claro que estou me referindo aos encontros via Internet.  Começa no chat, com o texto.
Gostou do texto, leva para o reservado.  E lá, rola.  Eu mesmo já me envolvi perdidamente por dois textos belíssimos.  Moças de vírgulas acentuadas, exclamações sensuais e risos de entortar qualquer coração letrado ou iletrado.
 
Sim, pela primeira vez nesta nossa humanidade já tão velhinha, as pessoas estão se conhecendo primeiramente pela palavra escrita.  E lida, é claro.
 
Já disse, isso envaidece qualquer escritor.  Agora, o texto pode levar ao amor.  Uma espécie de amor-de-texto, amor-de-perdição.
 
A relação, o namoro, começa ali no monitor.  Você pode passar algumas horas, dias e até semanas sem saber nada da outra pessoa.  Só conhece o texto dela.
 
E é com o texto que vai se fazendo o charme.  Você ainda não sabe se a pessoa é bonita ou feia, gorda ou magra, jovem ou velha.  E, se não for esperto, nem se é homem ou mulher.  Mas vai crescendo uma coisa dentro de você.  Algo parecidíssimo com amor. Pelo texto.
 
Pouco a pouco, você vai conhecendo os detalhes da pessoa.  Idade, uma foto, a profissão, a cor.  Inclusive onde mora.  Sim, porque às vezes você está levando o maior lero com o texto amado e descobre que ele vem lá da Venezuela.  Ou do Arroio Chuí.
Mas se o texto for bom mesmo, se ele te encanta de fato e impresso, você vai em frente.  Mesmo olhando para aquela fotografia - que deve ser a melhor que ela tinha para te escanear (ou seria sacanear, me perdoando o trocadilho fácil) você vai em frente.
"Uma pessoa com um texto desses..."
 
A tudo isso o bom texto supera.
 
Quando eu ouvia um pai ou mãe dizendo "meu filho fica horas na Internet", todo preocupado, eu também ficava.  Até que, por força do meu atual trabalho, comecei a navegar pela dita suja.
 
E descobri, muito feliz da vida, que nunca uma geração de jovens brasileiros leu e escreveu tanto na vida.  Se ele fica seis horas por dia ali, ou ele está lendo ou escrevendo.  E mais conhecendo pessoas.  E amando essas pessoas.
 
Jamais, em tempo algum, o brasileiro escreveu tanto.  E se comunicou tanto.  E leu tanto.  E amou tanto.
 
No caso do amor ali nascido, a feitura, o peso, a cor, a idade ou a nacionalidade não importam.  O que é mais importante é o texto.  O texto é a causa do amor.
 
Quando comecei a escrever um livro pela internet, muitos colegas jornalistas me entrevistavam (sempre a mim e ao João Ubaldo) perguntando qual era o futuro da literatura pela Internet.
 
Há quatro meses atrás eu não sabia responder a essa pergunta.  Hoje eu sei e tenho certeza do que penso: - Essa geração vai dar muitos e muitos escritores para o Brasil.  E muita gente vai se apaixonar pelo texto e no texto.
 
Existe coisa melhor para um escritor do que concluir uma crônica com isso?
 
Quer uma prova?  Estou fazendo um concurso de crônicas no meu site (marioprataonline.com.br), entre os leitores/escritores.  Entre lá e veja o nível.  Pessoas que há pouco tempo atrás odiava escrever redação nas escolas, estão descobrindo o texto.  Leiam e me digam se eu não estou certo.  E são jovens, muito jovens.
 
Como diria Shakespeare, palavras, palavras, palavras.
 
Como diria Pelé, love, love, love. 
 
MÁRIO PRATA

 

 

Solte suas feras ! Libere seu tesão e deixe seus instintos ferverem e a exitação vai abraçar vc... Sorria, relaxe, o calor aumenta dentro do seu corpo...

O sangue parece percorrer suas veias com a velocidade de um gozo ! Seus membros se agitam, sua boca freme por um beijo como por um drinque paradisíaco.

Mai suor, mais saliva, mais tesão sem gelo e sem pudor. Não precisa ter pressa, não corra com o prazer. Há momento exato da felicidade... Mexa os quadris e dance a coreografia mais perfeita do mundo.

Encaixe, relaxe, sussurre: vá lambendo de cima a baixo... Uma mordida é demias ! De leve, debaixo da orelha ! Hum... mais um gemido e as estrelas a abraçarão.

Você pode ! Continue, olhe e goste, goze gostoso. Transfira a sensação de liberdade para dentro das cabeças. Das duas. Todas as bocas dirão a você sobre êxtases.

E você será uma melodia erótica embalando poemas e prosa. Fale, sempre fale, sua voz nos guiará ao climax. E não acabou. Aliás isso é só o começo, porque o melhor ainda esta por vir.... Leo®(BR)

Existem várias lendas sobre a origem da Mulher.
Uma diz que Deus pôs o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher.
E que a primeira provação de Eva foi cuidar de Adão e agüentar o seu mau humor enquanto ele convalescia da operação. Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a Criação estourado, fez o homem às pressas, pensando "Depois eu melhoro", e mais tarde, com o tempo, fez um homem mais bem- acabado, que chamou Mulher, que é "melhor" em aramaico.
Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem só para não jogar barro fora.
Em certas tribos nômades do Meio Oriente ainda se acredita que a mulher foi, originariamente, um camelo, que na ânsia de servir seu mestre de todas as maneiras foi se transformando até adquirir sua forma atual. No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do céu, já de kimono. E em certas partes do Ocidente persiste a crença de que mulher se compra através dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele e tipo de massagem. Todas estas lendas, claro, têm pouco a ver
com a verdade científica.
Hoje se sabe que o Homem é o produto de um processo evolutivo que começou com a primeira ameba a sair do mar primevo, e é descendente direto de uma linha específica de primatas, tendo passado por várias fases até atingir o seu estágio atual - e aí encontrar a Mulher, que ninguém ainda sabe de onde veio.
É certamente ridículo pensar que as mulheres também descendem de macacos. A minha mãe, não!
Mas de onde veio a primeira mulher, já que podemos descartar tanto a evolução quanto as fantasias religiosas e mitológicas sobre a criação?
Inclino-me para a tese da origem extraterrena. A mulher viria (isto é pura especulação, claro) de outro planeta.
Venho observando-as durante anos - inclusive casei com uma, para poder estudá-las mais de perto - e julgo ter colecionado provas irrefutáveis de que elas não são deste mundo.
Observei que elas não têm os mesmos instintos que nós, e volta e meia são surpreendidas em devaneio, como que captando ordens de outra galáxia, embora disfarcem e digam que só estavam pensando no jantar. Têm uma lógica completamente diferente da nossa. Ultimamente têm tentado dissimular sua peculiaridade, assumindo atitudes masculinas e fazendo coisas - como dirigir grandes empresas e xingar a mãe do motorista ao lado- impensáveis há alguns anos, o que só aumenta a suspeita de que se trata de uma estratégia para camuflar nossas diferenças, que estavam começando a dar na vista.
Quando comentamos o fato, nos acusam de ser machistas, presos a preconceitos e incapazes de reconhecer seus direitos, ou então roçam a nossa nuca com o nariz, dizendo coisas como "ioink, ioink" que nos deixam arrepiados e sem argumentos. Claramente combinaram isto. Estão sempre combinando maneiras novas de impedir que se descubra que são alienígenas e têm desígnios próprios para a nossa terra. É o que fazem quando vão, todas juntas, ao banheiro, sabendo que não podemos ir atrás para ouvir. Muitas vezes, mesmo na nossa presença, falam uma linguagem incompreensível que só elas entendem, obviamente um código para transmitir instruções do Planeta Mãe. E têm seus golpes baixos. Seus truques covardes.
Seus olhos laser, claros ou profundamente escuros, suas bocas. Meu Deus, algumas até sardas no nariz. Seus seios, aqueles mísseis inteligentes.
Aquela curva suave da coxa quando está chegando no quadril, e a Convenção de Genebra não vê isso! E as armas químicas -
perfumes, loções, cremes. São de uma civilização superior, o que podem nossos tacapes contra os seus exércitos de encantos?
Breve dominarão o mundo.Breve saberemos o que elas querem.
Se depois de sair este artigo eu for encontrado morto com sinais de ter sido carinhosamente asfixiado, com um sorriso, minha tese está certa.

Luís Fernando Veríssimo

ELEGÂNCIA

(Toulouse Lautrec)
Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja
cada vez mais rara: a elegância do comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem
mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de
dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa
alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.

Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da
fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se
dirigir a frentistas.
 
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em
humilhar os outros.

É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem
presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao
receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem
está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.

É elegante não ficar espaçoso demais.

É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.

Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar
nele de uma forma não arrogante.

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas
tentar imitá-la é improdutivo.

A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de
status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha
que "com amigo não tem que ter estas frescuras".

Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão
desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe : não é frescura.

O Direito ao Palavrão
Luís Fernando Veríssimo

 

Os palavrões não nasceram por acaso.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.
É o povo fazendo sua língua.
Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo.
Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"?
"Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
- A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho,entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!".
O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem.
O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto.
Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.
Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral?
Não perca tempo nem paciência.
Solte logo um definitivo - "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!".
O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.
Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!".
O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior.
É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" -presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...
Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo.
Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso"vai tomar no cu!"?
E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!".
Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!".
Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!".
E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!".
Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa.
Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar:
O que você fala? "Fodeu de vez!".
Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas.
Me liberta.
"Não quer sair comigo? Então foda-se!".
"Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!.
Grosseiro, mas profundo...
Pois se a língua é viva, inculta, bela e mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor.
"Nem fodendo..."

  Fred-21:          Se um dia me procurar.

 

    Quando a mim tiver o que contar.

 

    Estarei no mesmo lugar.

 

    Onde um dia cruzaram nossas mentes.

 

    Por qualquer que seja o motivo o seus olhos molharem de lágrimas,

 

    seu peito sentir-se apertado, repleto de lágrimas e mágoas.

 

    Eu estarei no mesmo lugar,

    talvez você nem precise me ver mas eu estarei com você.

 

    Se por acaso então não me encontrar.

 

    Saiba que eu me perdi nos teus olhos, afoguei-me em tuas lágrimas,

 

    machuquei-me no teu peito e desapareci na sua mente...

 

    E para ter-me de volta basta olhar para ti própria.

    E verá a minha imagem refletida na sua solidão.

 

    Então bastará olhar-me nos olhos e

 

    eu saberei que é a hora de ser feliz novamente...